terça-feira, 21 de junho de 2011

NAVEGANDO COM A COMPANHIA DAS INDIAS



Site francês reúne informações sobre empresas, como mapas, arquivos de porto estratégico, lista de armamentos, equipamentos e passageiros e uma área para orientações históricas

Por Ronaldo Pelli


Mapa do mundo, de Pieter Goos, publicado em 1650.



O site francês Mémoire des hommes (algo como Memória dos homens) não tem nada a ver com piratas, mas está desenterrando um tesouro para historiadores e curiosos do mundo inteiro. A página está juntando dentro de uma seção específica uma série de documentos relativos às Companhias das Índias. São mapas e cartas náuticas, arquivos do porto da cidade de Lorient, criado em 1666 como entreposto das Companhias; informações sobre os armamentos dos navios, além de equipamentos e passageiros; e, para quem se sentir perdido no meio desse mar de informações, uma área só para orientações históricas.

Como explica o projeto, a temática associada às Companhias das Índias resvala sobre diversas formas de interpretação historiográfica: “a história econômica e financeira; a história marítima e estratégica; a história da construção naval e da navegação; a história das civilizações europeias, africanas, americanas e asiáticas; a história da moda, das artes e do consumo; a história social dos homens; a história do tráfico negreiro”, interrompendo aí, e deixando em suspenso o tamanho da lista com sugestivas reticências.Para conseguir abarcar tão grande variedade de assuntos, o site foi a outras instituições, como universidades, museus e instituições patrimoniais, e até a outros países. Assim, durante a navegação, podemos ser jogados para o site do Ministério da Cultura francês para conferir o diário de bordo de navios que faziam o tráfico negreiro no século XVIII. No primeiro link à esquerda, descobrimos que o Africain circulou de 1724 a 1726 como o capitão Lalande-Boulou-Ménard e o piloto Jean Gautier – de quem é o diário. Ele fez a rota Lorient, Senegal, a ilha de Gorée (em frente à Dacar, no Senegal), Guiné, na cidade de Juda, Martinica, e depois, voltou a Lorient.O internauta pode também aparecer num site canadense, sobre a história francesa na América, em que se pode ler a biografia de um dos integrantes do navio Abeille que, carregado de seus 30 canhões, foi de La Rochelle na França para Louisiana, que hoje pertence aos EUA. René-François Desbarres, você aprende, viveu de 1713 a 1757 (ou 58), e era um notário da tripulação – uma espécie de tabelião.No próprio site Mémoire des hommes, é bastante interessante ter contato com mapas como os que constam no livro “L’atlas de la mer, ou monde aquaticque”, algo como “O Atlas do mar, ou mundo aquático”, do cartógrafo holandês Pieter Goos (1616-1675), que cita rapidamente o Brasil na sua página 3 ao falar sobre os lugares a que ele se referirá. O mapa mostra em detalhes áreas da Europa, África e América do Sul. O Brasil aparece só para o fim do livro – de menos de 50 páginas. Na página 44, é possível ver referências às capitanias de Pernambuco, Bahia, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Vicente. Depois, após a divisão clara, há a “Terra dos patos” e um pouco mais abaixo, os guaranis.

Depois de navegar por esse vasto mundo de links nem tão revoltos é possível ter noção do tamanho e da importância das Companhias das Índias.

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